Especialista da ABTPé comenta pesquisa e os riscos de fraturas na infância
Estudo envolvendo mais de 460 mil crianças acompanhadas até os 15 anos de idade demonstrou que as fraturas nos membros superiores e inferiores foram mais comuns nas crianças com maior peso. A pesquisa, realizada na Espanha, foi destacada recentemente no Journal of Bone and Mineral Research, publicação da Sociedade Americana de Pesquisa Mineral e Óssea (ASBMR), uma das mais importantes sociedades no mundo dedicadas à pesquisa óssea. Os pesquisadores se basearam em estudos prévios em pacientes adultos que evidenciaram associações entre fraturas e obesidade.
Os envolvidos no estudo foram divididos em quatro grupos segundo o índice de massa corporal: baixo peso, peso normal, sobrepeso e obeso, e foi analisado que as crianças com IMC (Índice de Massa Corpórea) mais elevado apresentaram probabilidade significativamente maior de sofrerem fraturas do que crianças com peso normal.
“É sabido que a obesidade infantil aumenta a chance de obesidade na vida adulta e este estudo demonstra outro efeito preocupante do aumento de peso. A fratura é uma das lesões mais graves do esqueleto e ela é ainda mais preocupante na criança com esqueleto imaturo, pois a lesão pode comprometer a fise, região onde ocorre o crescimento ósseo, com possibilidade maior de levar a distúrbios de alinhamento e do crescimento”, explica o presidente da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), Dr. José Antonio Veiga Sanhudo.
O especialista salienta que não é raro o desenvolvimento de discrepância no comprimento dos membros após uma fratura. Se a lesão acomete a fise propriamente dita, pode ocorrer uma lesão celular com diminuição do crescimento desta perna. Por outro lado, se a lesão ocorre em uma região próxima, mas não exatamente na fise, pode haver um estímulo ao crescimento ósseo neste local pela hipervascularização secundária à fratura.
“Ou seja, sabendo que as fraturas são especialmente graves na criança e com a sua recente associação com o sobrepeso, temos motivos de sobra para regular a dieta dos nossos filhos”, fala Dr. Sanhudo.
Obesidade infantil no Brasil
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 13% das crianças brasileiras, de 5 a 9 anos, sofrem de obesidade, que se dá pelo excesso de gordura corporal, quando ultrapassa 15% do ideal, e também por outros critérios como doenças crônicas, IMC e genética.
Já as notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional de 2019, revelam que 16,33% dos brasileiros entre cinco e dez anos estão com sobrepeso, 9,38% são obesos e 5,22% apresentam obesidade grave. Entre os adolescentes, 18% têm sobrepeso, 9,53% são obesos e 3,98% apresentam obesidade grave.
A nível mundial, dados da Organização Internacional World Obesity apontam que atualmente cerca de 158 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos convivem com o excesso de peso e esse número deve aumentar para 254 milhões em 2030 em todo o mundo.
Sobre a ABTPé
A Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé) foi fundada em 1975 com a missão de unir a classe médica na especialidade, além de estimular o intercâmbio de informações científicas, fomentando a educação continuada entre os especialistas de pé e tornozelo no Brasil. Também tem a responsabilidade de esclarecer a população sobre os temas relacionados à especialidade.
A ABTPé está à disposição para informações e entrevistas sobre a saúde e cuidados com os tornozelos e pés, trazendo esclarecimentos sobre diversos temas, como acidentes nos esportes com lesões, acidentes domésticos com lesões, deformidades, pé diabético, cuidados com o uso de saltos altos, joanetes, fascite plantar, cirurgia plástica nos pés, esporão do calcâneo, calos e calosidades, metatarsalgia, neuroma de Morton, gota, artrite, entorse, fraturas, entre outros.
fonte: Segs, escrita por Carolina Fagnani