Os pés planos, ou “chatos”, como conhecidos popularmente, são muito comuns. Eles têm como característica a perda ou diminuição do arco plantar, a curvatura interna do pé. Isso pode ser uma característica individual, na qual o indivíduo apresenta esse padrão de pé desde a infância ou pode ser uma característica adquirida, devido a doenças específicas.
Na maioria das vezes, os pés planos são flexíveis e não relacionados a doenças específicas, sendo, portanto, somente uma variação da normalidade.
Da mesma forma que algumas pessoas têm nariz um pouco mais ou menos curvo, o mesmo acontece com os pés, que tem mais ou menos curvatura interna. Entretanto, várias doenças podem estar associadas ao pé plano, como a coalizão tarsal (união anômala entre dois ossos), insuficiência do tendão tibial posterior (muito comum em mulheres), lesão do ligamento mola (importante estabilizador do arco do pé), entre outras.
O que vemos comumente como dúvida no consultório e até mesmo no conhecimento popular é de que o pé plano sempre precisa de palmilhas, para corrigir esse “problema”, mas na verdade esse conceito é um equívoco. Primeiramente porque, na grande maioria das vezes, esse formato de pé não é uma doença, como disse, mas somente uma variação da normalidade.
Além disso, para um indivíduo sem sintomas, ou seja, sem dor nos pés ou em outras articulações, é muito difícil que uma palmilha possa trazer qualquer tipo de benefício. Isso ocorre pois os pés e nossas outras articulações já estão adaptadas àquele padrão de curvatura, a musculatura já está adaptada e uma possível mudança nesse padrão, com uma palmilha que eleve o arco plantar por exemplo, pode desencadear um desbalanço antes inexistente.
Aprofundando nesse tema, tem sido objeto de constante estudo e debate o papel da musculatura intrínseca do pé na formação e manutenção do arco plantar. Tem-se entendido cada vez mais que pacientes sintomáticos, com dores nos pés devido ao pé plano ou outras doenças, podem se beneficiar mais com o treinamento desse tipo de musculatura, também denominada “Foot Core”, do que com a prescrição de palmilhas, que em ultima análise poderiam enfraquecer esse grupo muscular no longo prazo.
Não estou aqui, por fim, querendo dizer que as palmilhas são abomináveis e que não devem ser prescritas em nenhuma situação. Existem várias indicações nas quais as palmilhas são muito úteis e podem sim ser utilizadas para melhorar os sintomas de diversos pacientes. O que precisamos mudar de conceito é que as palmilhas não são uma solução universal para todos os problemas dos pés e que você que tem pé “chato” não tem obrigatoriedade de uso de palmilhas em todas as situações: existem outras alternativas.
Na dúvida sobre qual alternativa seguir ou se sua palmilha é adequada ou realmente necessária, procure seu Ortopedista de confiança.
fonte: UAI, com informações de Saúde Plena (escrita pelo Dr. Tiago Baumfeld