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Torci meu tornozelo! Preciso procurar o hospital?

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Imagem: Banco de Imagens

A maioria das pessoas em isolamento social tem evitado procurar os serviços de emergência hospitalar por recomendações das autoridades sanitárias. Essa conduta é realmente adequada. Entretanto, a população não é portadora de doença única nos tempos atuais (COVID-19) e existem situações nas quais há necessidade de atendimento médico presencial.

As entorses de tornozelo ou “torções do tornozelo” representam um dos principais motivos de procura ao ortopedista nos serviços de emergência. Esse mecanismo que faz girar nossos pés é capaz de gerar uma variedade grande de lesões, como fraturas, rupturas ligamentares, lesões nos tendões e na cartilagem.

Não diagnosticar uma lesão mais séria pode levar a sequelas irreversíveis caso o diagnóstico seja feito em um momento muito tardio e medidas de tratamento não sejam tomadas.

Mas então, todas as pessoas que torcem o tornozelo devem procurar o Pronto Atendimento em um momento como esse? A resposta é não. Alguns sinais de alerta e sinais de gravidade devem motivar a consulta médica, enquanto a ausência deles deve ser entendida como um sinal tranquilizador e que a evolução do quadro poderá ser observada.

As regras de Ottawa, publicadas em 1992 por um grupo canadense são um bom ponto de partida. Com sensibilidade acima de 95%, segundo elas, radiografias do tornozelo só são necessárias se houver dor à palpação nos 6cm distais (mais perto do chão) de ambos os maléolos ou incapacidade para suportar peso (colocar o pé no chão).

Da mesma forma, radiografias dos pés só estariam indicadas em pacientes com dor no osso navicular ou na base do 5° metatarso, ou com incapacidade para suportar peso. Obviamente, esse estudo não dá garantia de 100% dos sinais de gravidade e possíveis lesões, mas é uma referência bem reconhecida em ortopedia e pode ser utilizada como um dos parâmetros para a tomada de decisão de ir ou não ao hospital.

Outros sinais de alerta devem ser observados após uma torção como a gravidade do edema (inchaço), a presença de cortes na pele, a presença de deformidades e a capacidade do indivíduo em questão de perceber uma dor significativa (pacientes com redução na sensibilidade nas pernas podem não apresentar sintomas clássicos na presença de lesões).

Em resumo, caso você tenha torcido seu tornozelo, tenha uma boa saúde, consiga andar, o inchaço esteja controlado e não tenha nenhum outro sinal de alerta anteriormente mencionado, é possível observar a evolução do quadro e não procurar o hospital nesse momento. Siga essas orientações:

- Mantenha o pé mais elevado:
- Realize compressas de gelo de 20 a 30 minutos (lembrando de proteger a pele!!);
- Fique em repouso e utilize analgésicos simples para controle da dor:
- Caso já possua alguma tornozeleira em casa, a mesma pode ser utilizada para imobilização.

É esperado com essas medidas que uma torção sem lesões mais sérias evolua com melhora progressiva.

Na presença de algum dos sinais de alerta ou de uma evolução inesperada, com piora da dor por exemplo, é prudente consultar um médico. Teleatendimentos nesse momento estão provisoriamente autorizados pelo Conselho Federal de Medicina e podem ser utilizados. Na ausência destes, procure um ortopedista de confiança para exame e orientação, tomando os devidos cuidados para sair de casa.

fonte: Saúde Plena, escrita pelo Dr. Tiago Baumfeld